Quinta-feira Santa
A mesma lua, o mesmo
perfume de laranjeira
perfumando as ruas,
onde a vida estala
na multidão de corpos
que se atraem e procuram.
Calor de primavera
na pele e no ar.
Jovens incansáveis,
como nós então,
percorrem a cidade
bêbedos de desejo
- jovens com invernos
de abstinência, que sentem,
como Aquele, que também
o seu reino não é deste mundo -.
Os tambores recordam
que se avança para o patíbulo.
Diante de virgens chorosas,
descaradamente, beijam-se
deuses que morrerão
- como o deus que ontem fomos -,
sem remédio nem culpa,
na cruz dos anos.
(in Los mejores años, 1991; versão minha)
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