É mais fácil com coelhos do que com cães ou gatos. O
animal da experiência não deve ser demasiado inteligente. É
desconfortável quando as suas acções lembram as dos humanos,
é desconfortável quando conseguimos compreender o seu terror
e a sua tristeza.
Mas a coisa mais triste é trabalhar com porcos recém-nascidos.
São feios.
Não possuem nem desejam mais nada senão a sua fonte de leite.
As suas pernas ásperas e desastradas resvalam debaixo deles,
os seus focinhos e cascos minúsculos são extraordinariamente
inúteis.
São feios e estúpidos.
Quando tenho de matar um leitão paro sempre por um instante.
Mais ou menos cinco ou seis segundos.
Mais ou menos cinco ou seis segundos em nome de toda a beleza
e tristeza do mundo.
- Acaba lá com isso, - alguém diz então.
Ou então sou eu que o digo a mim próprio.
(versão minha a partir da tradução do checo para o inglês de Daniel Simko, reproduzida em Contemporary east european poetry, organização de Emery George, Oxford University Press, Oxford, 1993, 2ª edição, aumentada, pp. 219-220).
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