O seu correio chega,
correctamente endereçado,
mas ele não está aqui.
É holandês ou dinamarquês?
Não é certamente alemão.
Penso que tem cabelos finos e flexíveis.
Por vezes o carteiro desespera,
e deixa as suas cartas e
encomendas órfãs à minha porta
como se fossem oferendas para o deus
de tudo o que é estrangeiro e infiel.
Na verdade, temos ambos nomes estranhos,
e Jan não é muito diferente de John.
Desconfio que o carteiro pensa que
eu sou realmente esta outra pessoa,
e, se ele persistir, vou desistir
e confessar por fim a minha verdadeira identidade.
Mas não, devo insistir,
eu não sou, não sou Jan Keetman.
(versão minha; poema do livro The Parthian Stations, Carcanet, Manchester, 2007, p. 29).
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