sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Enrique M. Butti

Ao recém-nascido



Será Píndaro, Platão, Ptolomeu,
inventará o fogo
e descobrirá cada estrela,
será Ulisses, reinará no seu mundo.

Tudo lhe será possível:
a salvação e o Paraíso
que são os dias do amor
e da amizade
e da ambição desinteressada.

Mas será também - tremo de espanto
enquanto o vejo sorrir nos seus sonhos -
Rascolnikov, um escravo
que prefere morrer pela liberdade,
um budista que medita
enquanto cai a bomba de Hiroshima.
No único destino
que se desenrolará
prevejo que vibrará na fraternidade
de todos os destinos.
Há flores que nascerão só
para ele
e para as quais ele nasce.



(Versão minha a partir do original e da tradução francesa reproduzidos em Voix d' Argentine / voces argentinas, organização de Claudia Schvartz e Gerardo Manfredi, tradução francesa de Nicole e Émile Martel, Leviatán (Buenos Aires), Écrits des Forges (Trois-Rivières/Québec) e Le Temps des Cerises (Pantin), 2009, p. 56).

1 comentário:

  1. De olhar para um recém-nascido e fazer um exercício de ficção ninguém se livra.

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