Algumas árvores que já não tenho
regressam-me em sonhos:
o salgueiro-chorão da minha infância,
a linha escura das sebes de ligustros,
as casuarianas e o seu modo de uivar,
um limoeiro que chega ao tecto,
uma figueira que viu a minha mãe crescer
e ao sol, à hora da sesta, me ouviu
conversar com a minha avó,
as folhas pesadas da árvore-da-borracha que oiço cair.
São tão nítidas
como se as tocasse depois de andar por um atalho
que envergonhasse o tempo.
Às vezes creio que alguma coisa delas
cresceu em mim,
que eu sou uma das minhas árvores.
(Versão minha a partir do original e da tradução francesa de Nicole e Émile Martel reproduzidos em Voix d' Argentine / voces argentinas, selecção de Claudia Schvartz e Gerardo Manfredi, Leviatán (Buenos Aires), Écrits des Forges (Trois-Rivières - Québec) e Les Temps des Cerises (Pantin), 2009, pp. 120-121).
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