Hotel Insónia
Gostava do meu buraquinho,
com a janela virada para a parede de tijolo.
Na porta ao lado havia um piano.
Algumas tardes por mês
um velho aleijado vinha tocar
"My Blue Heaven."
Mas havia, normalmente, sossego.
Cada quarto com a sua aranha no seu pesado sobretudo
A apanhar a sua mosca com uma teia
De fumo de cigarro e devaneios.
Tão escuro,
que não podia ver a minha cara no espelho da barba.
Às 5 da manhã o som de pés descalços lá em cima.
O Cigano que lia a sina,
Cujo estabelecimento ficava à esquina,
A urinar depois de uma noite de amor.
Uma vez, também, o som de uma criança a chorar.
Tão próximo estava, pensei
Por um momento, que era eu quem chorava.
(Versão inédita de António Ladeira; o original pode ser lido aqui)
Oi LP,
ResponderEliminarEsqueci de "pedir". Já fui logo me apossando da tradução deste poema (incrível) e publicando aqui:
www.casadeleitura.blogspot.com
Espero que aprecie o atrevimento!
Carol :)
Aprecio, com certeza; só peço que faça justiça ao tradutor, que não sou eu desta vez, mas, sim, António Ladeira...
ResponderEliminarLp,
ResponderEliminarverdade, eu que não li com atenção que a tradução era do António Ladeira.
bem, de qualquer forma, a descoberta foi sua e eu já expliquei tudo direitinho na publicação.
Bjs,
Carol
Obrigado por tudo, Carol. E espero que vá acompanhando o blogue, porque novas e excelentes traduções de Simic, feitas propositadamente para este trapézio, em breve serão publicadas...
ResponderEliminar