segunda-feira, 20 de junho de 2011

Mark Strand

Mãe e filho



O filho entra no quarto da mãe
e fica junto à cama onde ela está deitada.
O filho acredita que ela quer dizer-lhe
o que ele anseia ouvir - que ele é o seu menino,
será sempre o seu menino. O filho inclina-se
para beijar os lábios da mãe, mas os lábios estão frios.
Começou o enterro dos sentimentos. O filho
toca as mãos da mãe pela última vez,
depois vira-se e vê a lua cheia.
Uma luz de cinza cruza o chão.
Se a lua pudesse falar, o que diria?
Se a lua pudesse falar, não diria nada.



(Versão minha a partir do original e da tradução castelhana de Dámaso López García reproduzidos em  Hombre y camello, Visor, Madrid, 2010, pp. 58-59).

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