domingo, 4 de setembro de 2011

Gali-Dana Zinger

Lamentação do guarda-fronteiriço



Eu não quero ser um guarda-fronteiriço, disse o guarda-fronteiriço.
Não quero ser um guarda-costas.
Não quero ser um anjo-da-guarda.
Não quero ser um guia.
Não quero ser um gravador.
Não quero ser uma granada.
Não quero ser uma garantia.
Não quero ser um galão de enfeitar.
Mas a minha própria má consciência guarda-me e agarra-me
e aqui estou, de guarda, no meu jardim octogonal.

Eu não quero ser vigia, respondeu o vigia.
Não quero ser um guarda.
Não quero ser um guarda dos guardas.
Mas a minha própria má consciência vigia-me e prende-me
e aqui estou, só, vagando ao vento.

Eu sou aquele que guarda a porta, observou o porteiro.
Mas ninguém me perguntou
qual era a minha vontade.



(Versão minha a partir da tradução inglesa da autora e revista por Ashraf Noor reproduzida em An anthology of contemporary russian women poets, selecção de Valentina Polukhina e Daniel Weissbort, University of Iowa Press, Iowa City, 2005, pp. 199-200)

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