terça-feira, 17 de julho de 2012

Xuan Bello

Variações sobre o meu nome



Tu,
que poderias ser João Velho
na claridade azul de Sintra.
Lá longe, distante e amigo,
pressentes o teu senhor El-Rei
dom Sebastião.

Tu,
que percorres terras remotas
e a quem chamam Jean Vieilh.
Recordas aqueles dias
tão tristes em Auvergne
enquanto escutas pela primeira vez
- imensa e rara -
a voz do deus do rio:
Mississipi.

Tu,
John Oldman,
pirata em Tortuga:
o próprio Henry Morgan
há-de dar-te um tiro.

Tu,
que serias Juan el Viejo
lá nas terras de Sória:
lavram nos campos os bois
no outono do Criador.

E tu,
que estranho,
chamar-te Xuan Bello
e estar aqui, em Oviedo,
passando visões obscuras
para o claro asturiano.
Saber que a tua pátria
fica sempre noutro sítio:
ali onde não estás.



(Versão minha a partir do original asturiano e da tradução castelhana do autor reproduzidos em Toma de tierra - Poetas en lengua asturiana: Antología (1975-2010); organização de José Luis Argüelles, Trea, Gijón, 2010, pp. 475-477).

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