XL
As flores silvestres
ninguém as cheirou
ninguém as colheu
ninguém as vendeu
ninguém as comprou
(...)
LXIII
Por negligência
cruzaram-se
duas linhas paralelas
(...)
CX
Só
o cavalo de bronze
não atira ao chão
o seu cavaleiro
(...)
CXL
Não sabia ler
nem escrever
mas dizia coisas
que eu nunca havia lido
nem ninguém havia escrito
(...)
CXLII
No dicionário
à frente da palavra "nada"
naturalmente
tem de estar escrito
"nada"
(...)
CLI
Reunião
de hortaliças
no mercado da fruta
(...)
CLVI
O glorioso dia do nascimento
o amargo dia da morte
entre ambos alguns dias
(...)
CCVI
Quando no meu bolso não tenho nada
tenho poemas
quando no frigorífico não tenho nada
tenho poemas
quando no coração não tenho nada
nada tenho
(...)
(Tradução minha a partir de El viento y la hoja, tradução castelhana de Ahmad Taherí e de Clara Janés; prólogo de Santos Zunzunegui; Salto de Página, 2015).
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