quarta-feira, 30 de setembro de 2020

F. Scott Fitzgerald

 Princeton, o último dia



A luz derradeira flutua e declina sobre a terra,
A terra ampla e rasa, a terra radiante dos pináculos.
Os fantasmas da noite afinam de novo as liras
E erram, cantando, numa melancólica banda
Ao longo dos extensos corredores de árvores. Fogos pálidos
Ecoam pela noite de torre em torre.
Oh sono que sonha e sonho que nunca se cansa,
Retirai das pétalas da flor de lótus
Alguma coisa de tudo isto, a essência de uma hora!

Já nada se pode esperar da luz crepuscular da lua
Neste vale sequestrado por estrelas e pináculos;
Para nós, a eterna manhã do desejo
Perde-se no tempo e na tarde terrena.
Aqui, Heráclito, construíste com fogo
E coisas mutáveis a tua profecia atirada para longe,
Para os anos desaparecidos; nesta meia-noite desejo
Ver, reflectidos nas brasas, enredados
Nas chamas, o esplendor e a tristeza do mundo.



(Versão minha a partir do original e da tradução castelhana de Jesús Isaías Gómez López incluídos em Sueños de Lirios - Antología de poetas locos; selecção de Oscar Ayala; introdução de María Castrejón; Huerga & Fierro, Madrid, 2018).


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