domingo, 6 de dezembro de 2020

Kayal Ahmad

 Não quero flores



Não quero flores,
nenhum tempo de união,
nenhum amanhecer de desunião.
Não quero flores
porque eu sou a mais bela flor.
Não quero beijos
se por uma boneca verdadeira
tenho de suportar um qualquer homem  -
nenhum tempo de casamento,
nenhum amanhecer de divórcio,
nenhuma febre de viúva.
Não quero beijos
se, ao longo do amor, me converto em mártir.
Não quero lágrimas
sobre o caixão ou sobre mim, o cadáver.
Não quero uma cerejeira de simpatia
agarrada às paredes do meu túmulo,
nem beijos, nem flores,
nem lágrimas ou desgraças.
Nada trazer.
Nada manter.
Morro como uma pátria sem bandeira, e sem voz.
Estou agradecida.
Não quero nada.
Não aceitarei nada.



(Versão minha a partir da tradução castelhana de Mohsen Emadi, incluída na Antología de poesía femenina contemporánea; organização de Virginia Fernández Collado, Fondo Kati, 2ª edição, p. 195).

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