Vita arsque poetica
Baptizo as palavras,
ponho nomes aos nomes. Digo
a noite e o significado é uma
pomba. Imagino o leopardo
e os teus olhos choram. Sofro a luz,
o dia, e ganho a impureza.
Desenho mais um rosto, Deus
meu!, sobre o teu. Escrever
um poema é como recordar
o futuro. É conceber um filho
no túmulo. Gravo o teu nome
e confunde-se com o meu.
Que pai repentino sou
nesse mesmo instante. Que
deus sobre este muro ando
a macular desde que nasço.
Este é o meu testamento, o meu
baptismo, à tua imagem e semelhança.
(Versão minha; poema incluído em Nuestra poesía en el tiempo (Una antología); selecção e prólogo de Antonio Colinas; Siruela,Madrid, 2009, pp. 498-499).
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