Noutro lugar deixou-se ficar nua
e deu o seu corpo ao lobo mais faminto da cidade.
Noutro lugar abriu a casa ao inimigo
e disse-lhe toma tudo quanto queiras.
Noutro lugar dançou com tanta água
que se lhe humedeceram as entranhas
e apodreceu por dentro.
Noutro lugar veio tanta gente vê-la
que o aplauso se transformou em tempestade de Verão
e a cabeça estalou-lhe de tanta névoa e tantos caracóis
e tanto Agosto e tanto fogo.
Noutro lugar rendeu-se
deixou-se levar pelo instinto noutro lugar
e deitou-se para sobreviver aos seus pés
e lamber as feridas do caminho...
e viveu noutro lugar a vida de rastos.
Noutro lugar,
não neste.
(versão minha; original reproduzido em 23 Pandoras - Poesía alternativa española, selecção e prólogo de Vicente Muñoz Álvarez, Ediciones Baile del Sol, 2ª edição, Tenerife, 2009, p. 21.)
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