Eu estava sempre de partida
Eu estava sempre de partida, sempre
prestes a levantar-me e a seguir, sempre
a caminho, sem saber para onde.
Para outro sítio. Aqui é que não.
Aqui nunca nada me bastava.
Teria de ser melhor lá, para onde
me dirigia. Sem saber como, nem porquê.
A cúpula debaixo da qual me encolhia
seria erguida, e eu haveria de ser lançado
para dentro da minha verdadeira vida. Nela
encontraria os que estava destinado a encontrar.
Receber-me-iam em festa,
com flautas e castanholas,
e seria levantado no ar. Que isto
pudessse ser uma espécie de morte
não me ocorreu. Só sei que
alguma coisa me reteve,
uma dúvida, uma dívida, um rosto que não pude
abandonar. Quando a porta
se abriu, não entrei.
(versão minha; original reproduzido aqui).
É sempre um pouco assim, não é? Hesitar entre partir e ficar, entre um ser e outro ser. :)
ResponderEliminarsim. hesitar, partir, viver. mas dito assim é simples. disso fazer um poema já é outra coisa. e é essa outra coisa que é linda.
ResponderEliminarnão sei porquê, a tua última frase fez-me lembrar a Inquietação do Zé Mário Branco :)
ResponderEliminarainda bem, embora não fosse nesse inquietador de espíritos que eu estivesse a pensar...
ResponderEliminarDesculpe, roubei. É lindo o poema, e resume tanto de minha vida dos últimos dez anos que...
ResponderEliminarSeu blog está favoritado em meu coração. =)