O mal da trincheira
não é a sua húmida estreiteza.
O barro e o sangue abrigam
somos muitos aqui
e as fotos que nos enviaram de casa
nunca se desgastam.
Há sempre tempo para uma partida de cartas.
Para o momento íntimo e brincalhão
de tirarmos piolhos uns aos outros.
Alguém que dança ao ritmo
de batuques distantes com pedaços de madeira
nas metralhadoras
ou um bom imitador de generais
que nos faz rir.
O mal da trincheira
é que não sabemos quando
seremos obrigados a abandoná-la.
(versão minha; original reproduzido em Resaca - Hank Over: un homenaje a Charles Bukowsi, organização de Paxti Irurzun e Vicente Muñoz Álvarez, Caballo de Troya, Madrid, 2008, pp. 180-181).
e às vezes vive-se entrincheirado durante tanto tempo que o mundo lá fora é uma miragem
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