Começa num pequeno quarto.
O vestido de cerimónia que a mãe dela lhe comprou, o seu cabelo
cuidadosamente penteado, as mãos rídiculas dele.
Despidos, a súbita distância dos seus corpos.
Ela podia fechar os olhos, vê-lo de novo
com aquelas calças, a camisa nova e direita,
como os lábios dele lhe pareceram húmidos antes de a beijar.
Pelo menos ele não é pesado.
Depois, não vão esquecer o estranho impulso
que os empurrou um para o outro. Nem como, quando os seus corpos se uniram, cada
um se encontrou sozinho na surpresa, desconhecendo-se.
Se pudessem dormir, teria havido o acordar, o toque
de um olhar entre os dois. Mas ela desejava um duche,
e ele gostava de ter aprendido a fumar, gostava de ter aprendido
mil coisas para se reconciliar com ela, e consigo próprio.
Passarão anos antes que ele descubra
uma doce recordação do corpo dela
vestido pelos lençóis, um braço sobre o cobertor,
à espera. Ela lembrará o seu riso excêntrico, o modo
como ele se cobriu a si mesmo com as mãos, cheio de vergonha.
(Versão minha; original reproduzido em Poetry from "Sojourner" - a feminist anthology, organização de Ruth Lepson e Lynne Yamaguchi, introdução de Mary Loeffelhoz, University of Illinois, Urbana e Chicago, 2004, p. 27).
O belo poder do amor.
ResponderEliminarTão bonito!
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