Queria dizer-te
que nunca passeei com ela,
que nenhuma montra devolveu a nossa silhueta reunida
nem o seu peito pressionou com o seu mudo acordeão os nossos cristais,
que nunca contemplei a sua nudez em lugares inquietantes,
que nem sequer sei o seu nome,
que não sei do que me estás a falar.
Queria dizer-te que não é verdade,
que no domingo andei a passear sozinho com o cão,
que o cão nunca a quis.
Queria dizer-te que nunca viveu comigo,
que deverias saber o que eu sei,
que era feia, corcunda e reaccionária,
dizer-te que sempre te fui fiel,
que nunca existiu,
que nunca jamais a quis.
(Versão minha; original reproduzido em Por vivir aquí - antologia de poetas catalanes en castellano (1980-2003), organização de Manuel Rico, prólogo de Manuel Vásquez Montálban, Bartleby, Madrid, 2003, p. 132).
Bom dia! Uma belíssima confissão em forma de poema. :)
ResponderEliminarQuisesse dizer-te?
ResponderEliminarOu queria dizer-te?
Como está no original, quisiera?
Quisiera, sim (imperfeito do conjuntivo em português, portanto). Qual a melhor opção?
ResponderEliminarNa minha opinião (de aprendiz, ou nem isso), a tradução é: queria dizer-te.
ResponderEliminarA propósito, parabéns pelo blogue.
Obrigado pela sugestão; em português a tradução literal, de facto, não soa grande coisa... talvez assim a "traição" seja menos grave.
ResponderEliminarFaz lembrar um poema de Luis Alberto de Cuenca
ResponderEliminarhttp://poesiailimitada.blogspot.com/search/label/LUIS%20ALBERTO%20DE%20CUENCAa