Como o calor chega aos lençóis,
como chega o desejo aos lábios.
Com a premonição de uma bela recordação,
assim chega este dia,
calando até aos ossos.
Inventariarei os meus pertences
e esperarei que o sol aqueça
as minhas roupas e o meu corpo;
meditarei sobre as horas que vivi
e retirarei ensinamento dos meus fracassos.
E direi a mim mesmo que busco
aquilo que me aguarda
para saber o que espero
e a que sonhos convêm os meus esforços.
E não reclamarei mais ilusões
nem pedirei outro deus
que o deus que me compreenda
e encontre explicação para os meus pecados.
Elegerei o caminho que a idade
me mostre como bom,
conhecendo as forças que me assistem,
reconhecendo aquelas de que dependo.
E deixarei para trás quanto fui,
sem que o rancor me vença,
sem atender a mais disposições
além de estar em paz comigo.
(Versão minha; original reproduzido em Por vivir aquí - antologia de poetas catalanes en castellano (1980-2003), organização de Manuel Rico, prólogo de Manuel Vázquez Montálban, Bartleby, Madrid, 2003, p. 39).
...aprendizagem e sabedoria :-)
ResponderEliminarMas como custa aprender...
ResponderEliminarPois custa. Mas na senda de Cavafy, Ítaca estará sempre lá, não é?
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