terça-feira, 13 de julho de 2010

Kestutis Navakas

O relógio de areia

(uma memória daqueles que viveram em vão)



(não me peçam que fale sobre a areia) nós
juntávamos conchas buscando o vazio
abrimos caixas

: vindos do nada e do nada
do não-barroco não-gótico

vindos do vento e do vento (cheio de papagaios e
tristeza) tivemos de escolher
de brecha em brecha (não me peçam!)

compreendes que isto é a vida - a tua?

(vê eles levam os mortos para a casa dos Judeus
percebes como um segundo te salva? mas
para onde vais) nós

bebemos o dicionário o whisky e as ressacas
foram terríveis até
nos remeterem ao silêncio

até nos separarem um do outro

(pela memória das árvores) até ao último grão de areia
suspenso na cela de vidro



(Versão minha a partir da tradução inglesa de Jonas Zdanys reproduzida em Six lithuanian poets, Arc, Todmorden, 2008, p. 49).

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