Não pensem que sou infeliz.
Alegro-me por pensar.
Pensem que sou alegre.
A consciência é uma dança alegre.
A minha consciência dança
diante da candeia da chuva
diante das ruínas do muro
diante do armazém de comida repleto de cabeças de couve
diante das bocas dos meus amigos que falam
diante da minha própria mão inesperada
diante da escultura inacabada da realidade -
Na sumptuosidade do mais belo jogo
e da elevação do sacrifício religioso
idissoluvelmente
a minha consciência dança.
E quando a dança se interromper
como todos os flocos
irei para o céu -
onde nada se sente,
onde estava no princípio, antes de nascer,
onde estarei até ao fim, quando já não existir mais,
ali - que alegria indescritível.
...
É tudo.
(Versão minha a partir da tradução francesa reproduzida em Vingt-quatre poètes polonais; tradução de Georges Lisowski, Éditions dum Murmure, Neully-lès-Dijon, 2003, pp. 74-75).
"È tudo" e tudo está bem!
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