A poesia é uma folha de erva
Eu sou um pastor.
O sopro da escuridão é Poesia
O inaudível grito de um morcego.
Uma estrela encostada ao meu coração
Chora quando desperta
Goteja resina oferecida pelas suas pestanas a arder.
A poesia é navegar pelos céus azuis
Eu sou um perdigão sinistro.
Impossível conhecer a cor das palavras
E a da minha língua.
A minha amante é um cisne
Cruzando o lago
Arrulha
E eu consumo-me com cio.
A poesia é a frescura do centeio
A rebeldia das formigas.
Desconheço a cor do meu rosto
A cor da minha língua.
A minha amante é uma loba da estepe.
Sou um corço
Os guarda-florestais perseguem-me
Quando ela uiva.
O sussurro da vida é poesia
O lamento da morte.
(versão minha a partir da tradução catelhana publicada em Poesía Contemporánea de la República de Turquía, tradução de Jaime B. Rosa e Metin Cengiz, Vision Libros, Madrid, 2013, pp. 61-62)
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