(…)
Eu não responsabilizo unicamente a sociedade actual pela humilhante situação em que se encontra a arte.
São os próprios artistas que têm a maior parte da culpa de todos os males da arte.
Por não derrubarem este manicómio.
Por não morderem - ainda que tenham dentes.
O público não entende bem a arte - e diz disparates ou sente-se mal.
Os estetas não a entendem - e escrevem livros sobre ela.
Portanto: muito mais perigosos.
Exigir a um artista que faça uma arte nacional é como exigir-lhe uma arte dourada ou acastanhada de acordo com a cor do seu cabelo.
Estilo, técnica - asas para voar.
Muitos dos que voam nas alturas são só asas.
Vós, artistas do futuro - vendei as asas e comprai antes umas boas botas, assim podereis caminhar com passo firme pela escabrosa superfície da terra.
Sede mais terrenos, assim os vossos cantos soarão mais celestiais!
Não é a arte que se deve popularizar.
É a necessidade da arte que se deve tornar popular.
(…)
(Versão minha a partir da tradução castelhana de Francisco J. Uriz, incluída em Cinco poetas finlandeses; Libros del Innombrable, 2014, saragoça, pp. 60-63).
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