Em defesa dos estranhos
Seja qual for o peso, o desgosto,
o nosso dever é carregá-lo.
Erguemo-nos e seguimos em frente, força obtusa
que nos empurra através das multidões.
Eis o jovem que me indica a direção
tão avidamente. A mulher que segura a porta de vidro aberta
e aguarda com paciência que o meu corpo vazio passe.
E isto o tempo todo, cada gesto de bondade
desencadeando outro - um estranho
que canta para ninguém enquanto avanço, as árvores
que oferecem a sua floração, a criança
que levanta os olhos amendoados e sorri.
De algum modo vêm sempre ter comigo, parece
que estão apenas à espera, protegendo-me
de mim própria, daquilo que me impulsiona
tal como os deve ter impulsionado em algum momento -
esta tentação de darmos um passo atrás frente ao abismo
e cairmos sem peso, para longe do mundo.
(Versão minha; original aqui).
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