Nevão
Um nevão maciço tapa-nos com a sua neve.
O frio intenso revela-se bem duro.
Ao rés do vento as ovelhas avançam,
as suas cabeças protegem-se na direção das correntes de ar.
A neve vai aumentando, esconde-se em si mesma
e ressurge incessante.
Apoia-se no teu cajado junto às tuas ovelhas.
Taímas o indigente treme.
Tem uma pedra de afiar atada a uma corda.
O seu avental de feltro reluz enquanto se arrasta.
Entre as costas e o peito abre-se lentamente.
Os joelhos brilham debaixo das calças.
O seu corpo arrefece à medida que se move.
O vento silva, sopra asperamente.
A neve acumula-se congelando-lhe o pescoço.
Pingentes de gelo aparecem-lhe pendurados na barba.
Com o seu gorro de raposo e o sobretudo quente,
Duisek o rico está ao frio na colina
e grita: "Leva para longe esse rebanho das ovelhas!"
Fazendo-se passar por dono de Taímas,
vocifera em altas vozes:
"Que não te aproveite o que roubaste, cão!",
e prossegue, grasnando entre os corvos.
(versão minha. Fonte: Antología de la poesía kazaja contemporánea (Siglos XIX, XX y XXI); selecção de Justo Jorge Padrón; Ediciones Vitruvio, Madrid, 2017, p. 97).
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