O descanso do guerreiro
A cada dia que passa os mortos estão mais indóceis.
Antes com eles era fácil:
dávamos-lhes um colarinho engomado com uma flor
louvávamos-lhes os nomes numa longa lista:
pois que os gabinetes da pátria
pois que as sombras notáveis
pois que o mármore monstruoso.
O cadáver assinava em nome da memória
punha-se de novo na fila
e marchava ao compasso da nossa velha música.
Mas algo aconteceu
os mortos
são outros desde então.
Agora mostram-se irónicos
perguntam
Parece-me que se deram conta
de que são cada vez mais a maioria!
(Versão minha; poema incluído em Nuestra poesía en el tiempo (uma antología); selecção e prólogo de Antonio Colinas; Siruela, Madrid, 2009, p.597).
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