(Versão minha; poema incluído em La imgen de su cara, Editorial Comares, Granada, 1994, pp. 46-47).
terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Miguel d' Ors
terça-feira, 5 de janeiro de 2021
José Agustín Goytisolo
domingo, 3 de janeiro de 2021
Janet Frame
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Rafael Alberti
(Versões minhas; os poemas originais foram incluídos por José Luis García Martín em Poesía española: 1982-1983 - crítica y antología; Hiperión, 1983, Madrid, pp. 151-152).
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
Danusha Laméris
sábado, 12 de dezembro de 2020
Maran al Masri
domingo, 6 de dezembro de 2020
Kayal Ahmad
Não quero flores,
nenhum tempo de união,
domingo, 1 de novembro de 2020
Scott Wiggerman
domingo, 25 de outubro de 2020
Raúl Gómez Jattin
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
Atukuri Molla (século XVI)
sábado, 10 de outubro de 2020
Valeri Mikháilov
domingo, 4 de outubro de 2020
Olzhás Suleiménov
quarta-feira, 30 de setembro de 2020
F. Scott Fitzgerald
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Kadyr Myrzá Alí
Dizem: os nossos antepassados, que viviam a vida
Como se caminhassem sobre as chamas,
quarta-feira, 9 de setembro de 2020
Philip K. Dick
terça-feira, 8 de setembro de 2020
Charles Dickens
sábado, 5 de setembro de 2020
Tumanbay Moldagalíev
O cordeiro órfão
Levo os cordeiros todos juntos num punhado
E canto uma cantilena do avô pastor.
Parece que todo o pasto segue a melodia,
Oh, cânticos, cânticos, quantos havia.
Mas um cordeiro órfão mostra-se mais assustadiço que os restantes,
Colares de lágrimas congelaram-se-lhe nos olhos.
Também ele segue para a aldeia
Em correria com os outros.
Não o perdia de vista, dava-me pena.
Era espevitado, destro, rápido como todos.
Balem as ovelhas e os cordeiros ao encontrarem-se,
Como se não se vissem há um ano, não há um dia.
Ali mesmo vai o meu órfão infeliz,
Dá um gemido e com o focinho golpeia os úberes das ovelhas,
Corre para diante o pobre, bale timidamente,
Olha-me e continua a corrida.
O pobre orfãozinho corre e bale:
Será que nenhuma mãe alguma vez o mimou?
E neste mesmo instante eu gostaria de converter-me na sua mãe,
Alegrá-lo, abrir-lhe os braços.
O dia chegou ao fim e todos os cães pastores dormem,
As estrelas do céu iluminam tudo.
E só o balido de um órfão
Se ouve uma e outra vez sob a lua.
Eu não posso bater as asas livremente,
Pesados pensamentos rasgam-me ao longo da noite.
E como um cordeirinho branco dispus-me a procurar uma mãe,
Se for preciso corro o mundo inteiro.
(Versão minha a partir da tradução castelhana de Guillermo de la Puerta, incluída na Antología de la Poesía Moderna en Kazajstán; Visor, Madrid, 2020, p. 45).
segunda-feira, 31 de agosto de 2020
Kadyr Myrzá Alí
O invejoso morre para
Não sentir mais a sua ansiedade.
Batyr* morre na batalha
Cumprindo o seu dever.
Os bandidos morrem quando
Não conseguem sacar o punhal.
As belas morrem nos enlaces,
Afogadas na emoção.
O corcel morre na estepe.
O pó estende-se atrás dele.
O poeta morre, maravilhado,
E o seu verso não o pode salvar.
*Batyr: guerreiro épico casaque.
(Versão minha a partir da tradução castelhana de Alexandra Cheveleva e Iván Martín Cerezo incluída na Antología de la poesía moderna en Kazajstán; Visor, Madrid, 2020, p. 15).
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
Raúl Gómez Jattin
Os habitantes da minha aldeia
dizem que sou um homem
desprezível e perigoso.
E não andam muito enganados.
Desprezível e perigoso.
Isso fizeram de mim a poesia e o amor.
Senhores habitantes
Tranquilos
que só a mim
costumo causar dano.
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
Ivan Hobson
Todas as famílias que viviam no nosso pátio
tinham uma carrinha de caixa aberta
com um autocolante do sindicato na traseira
e, em miúdo, eu admirava-as
tal como, julgava, os nossos soldados
deviam ter admirado Patton
e os tanques Sherman.
Uma vez disseste-me
que os russos não conseguiriam conquistar-nos,
não com cidades como as nossas,
cheias de ferro e de trabalhadores temperados
pelos fornos das fundições e das fábricas.
Não foram os russos que vieram;
foi o contrato, a greve,
as sucessivas dispensas que foram rebentando
até que chegou a tua vez.
Continuo a lembrar-me de ti
a carregares as coisas para partires,
o autocolante do sindicato raspado
com uma espátula,
as pontas da lona branca estendida
sobre a caixa da carrinha
a adejar enquanto te afastavas.
(Versão minha; original reproduzido aqui).
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Karen Head
segunda-feira, 27 de julho de 2020
Kabir (1440-1518)
Colhe aqui aquilo de que precisas.
Mais à frente os caminhos
estão impraticáveis.
Loucos, querem
ir ao céu fazer as suas compras.
Não sabem que no céu não há lojas
nem sequer vendedor.
***
"Tens, Amigo, a morte..."
Tens, Amigo, a morte
pousada na cabeça.
Desperta de vez!
Como podes dormir
de modo tão profundo
estando a tua casa
situada numa rua tão ruidosa?
quinta-feira, 23 de julho de 2020
Lal Ded (ou Lalla) (Século XIV)
Não esbanjes a tua luz com um idiota.
Não partilhes o teu açúcar com um burro.
Não lances as tuas sementes
à areia de um rio.
Não deites o azeite no farelo
destinado às vacas.
***
Represar a inundação...
Represar a inundação.
Apagar um incêndio desbocado.
Caminhar pelo ar.
Ordenhar uma vaca de madeira.
Qualquer vigarista pode fazer isso.
terça-feira, 21 de julho de 2020
Jedara Dasimayya (Século X)
Apanha um pau, divide-o em duas partes.
Na de baixo talha uma mulher,
na de cima um homem.
E fricciona-as, fricciona-as
até acenderes um fogo.
Então, Ramanatha*,
esclarece-me esta dúvida:
é masculino ou feminino o fogo?
sábado, 18 de julho de 2020
Kurt Brown
Esse beijo que não fui capaz de te dar.
Como poderás perdoar-me?
O beijo que eu teria dissipado em ti ainda
Aí está, dentro de mim. Provavelmente morrerá aí.
Mas será a última parte de mim a morrer.
(Versão minha; original aqui).
domingo, 12 de julho de 2020
Marjorie Saiser
Tu e eu apercebemo-nos no barco
da impressão que as baleias deixam,
o grande anel que os seus mergulhos desenham
durante algum tempo na superfície.
Será assim quando nos
perdermos um ao outro? Não sei
nem posso saber. Mas
quero acreditar que
quando não pudermos mais
atravessar uma sala
para um abraço, quando não pudermos
mais cair nos braços um do outro,
haverá sempre isto:
algum traço que se demora
enquanto o corpo enorme
permanece em baixo, sem se ver,
uma sombra escura e gigantesca,
um golpe de barbatana,
um corpo de deleite
a mergulhar para o fundo.
(Versão minha; original aqui)
quarta-feira, 8 de julho de 2020
Robert Bly
Nos fins de setembro muitas vozes
Dizem-te que vais morrer.
Aquela folha diz-to, aquela frescura.
Todas têm razão.
As nossas inúmeras almas - que
Podem elas fazer acerca disso?
Nada. Elas são já
Parte do invisível.
A verdade é que as nossas almas
Têm estado ansiosas por voltar
A casa. "É tarde", dizem elas,
"Fecha a porta, vamos andando."
O corpo não concorda. E diz
"Enterrámos uma pequena bola
De ferro debaixo daquela árvore.
Vamos lá buscá-la."
(Versão minha. Original aqui).
sexta-feira, 3 de julho de 2020
quarta-feira, 1 de julho de 2020
Manuel Vilas
Abatimento em metade de uma turma de adolescentes.
Queria estar noutro sítio, mas onde.
Rico e célebre em longas viagens pelo mundo.
Também eles não cumprirão as suas ilusões.
Salta à vista: sem talento, sem inteligência,
sem família com posses, sem beleza,
sórdida classe média-baixa da democracia
a quem foi prometida uma educação intranscendente.
Ensina-lhes, ao menos, a desejar a vida
com força, com justiça, com dignidade,
com as palavras duras que a sós aprendeste.
Ajuda-os a imaginar a ruína nada discreta
em que acabarão convertidos.
Os tristes afazeres das suas vidas são já um escândalo.
Diz-lhes que só a verdade com palavras justas
defende da verdade abandonada à sua sombra.