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domingo, 26 de julho de 2009

Aaron Zeitlin

As crianças estão sempre a morrer



As crianças desaparecem.
Os adultos - espectros
de crianças mortas.

As crianças - sempre a morrer -
mesmo aquelas que continuam a brincar
no pátio da escola, na varanda
nas traseiras do armazém, atrás do sofá,
no canto do quarto.
As suas brincadeiras são breves -
acabam num instante.
Os adultos avisam-nas,
"Não se sujem."
"Despachem-se, vamos embora."

As crianças - criadoras. Travessas.
Agora aqui mesmo, desaparecidas logo a seguir.

As crianças desaparecem.



(versão minha, a partir da tradução inglesa de Richard J. Fein, reproduzida em With everything we've got - a personal anthologt of yiddish poetry, selecção e tradução de Richard J. Fein, Host, Austin, 2009, p. 128).

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Aaron Zeitlin

Texto



Todos nós -
pedras, pessoas, estilhaços de vidro ao sol,
embalagens de compota, gatos e árvores -
somos ilustrações de um texto.

Algures, ninguém precisa de nós.
Aí, só o texto é lido -
as imagens desfazem-se como folhas secas.

Quando o vento da morte sacode a erva alta
e todas as imagens criadas pelas nuvens
a ocidente são varridas para longe -
a noite chega e interpreta as estrelas.



(versão minha, a partir da tradução inglesa de Richard J. Fein, reproduzida em With everything we've got - a personal anthology of yiddish poetry, selecção e tradução de Richard J. Fein, Host, Austin, 2009, p. 126).