quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Petko Daveski

Frutos verdes



Sinto, vejo e escuto
o esforço da fruta verde recolhida,
maçã golden e tomate verde
a amadurecer dentro de si mesmos,
pousados na prateleira.
Sem a ligação, o cordão umbilical
que os alimentou,
sem a luz do dia e do sol
para se vestirem com o cetim do Outono,
com o vermelho de um fogo puro,
com a incadescência das pétalas das flores
e os lábios dos gerânios e a rosa que arde.
Sinto, sem os virar,
sem lhes aplicar qualquer unguento,
como tratam, sozinhos,
só com a ajuda de Alguém,
invisivelmente presente desde o germen da semente,
como tratam de cicatrizar as feridas,
elas mesmas, de outra pessoa
invisível para nós, presente debaixo do céu,
que nos deu uma lição, prova obscura.



(versão minha a partir da tradução castelhana de Maria Krstevska reproduzida em 4 poetas macedonios, Norteysur, Benalmádena, 2006, p. 78).

3 comentários:

CCF disse...

Retrato singular da sociedade de consumo. É mesmo assim, nada como a fruta colhida madura, qualquer dia nem saberemos mais que sabor é esse.
~CC~

Cristina Gomes da Silva disse...

Eu, que tenho o Verão como a minha estação preferida, gostei de ler que os frutos podem vestir-se com o "cetim do Outono". Bonito :)

lenor disse...

Cada gesto nosso é uma semente e só obscuramente algum germina.