quarta-feira, 21 de julho de 2021

Paul Morand

Recordação de Ístria



Sou um estrangeiro no meu país;
o meu país é estrangeiro para os outros países;
sou estrangeiro para os dois estrangeiros
que vivem dentro de mim como numa casa alugada.
Olha este mar e estes estaleiros;
azul e negro é uma harmonia
que os Persas, dizem, não desdenharam.

Aqui existia a reserva das feras do Circo Hagenbeck.
Todos os animais nascidos após
o domínio italiano parecem doentes.
Menos os macacos:
têm os olhos de quem já leu tudo,
nos seus ventres de tordilho
há um pirulito rosado
que faz rir as esposas dos armadores que apanham enguias.



(Versão minha a partir da tradução castelhana de Marie-Christine del Castillo, incluída em Oda a Marcel Proust y otros poemas; Renacimiento, Sevilha, 2007, p. 121).

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