sábado, 20 de setembro de 2008

Stuart Kestenbaum

Oração pelos mortos



A neve suave começou tarde a noite passada e continuou
a noite toda enquanto eu dormia e podia ouvi-la entrar
ocasionalmente no meu sono, no qual sonhei que o meu irmão
estava de novo vivo e possuía a beleza da juventude, consciente
de que ele partiria de novo em breve e de que essa é a lição
da neve a cair e das sementes de morte que existem em tudo
o que nasce: estamos aqui por um momento
numa história que é mais longa do que nós e poucos de nós
recordam, o vento nasce em sítios
que desconhecemos, e cada momento contém ritmos
dentro de ritmos, e se descobres restos antigos
da tua própria escrita, ou uma velha fotografia,
podes não ter a certeza de que foste tu mesmo que tenhas sido tu,
não és tu agora, nem este momento que une o fogo
e as tuas mãos movem-se para cobrir o teu rosto num gesto
de dor e recordação.



(versão minha; o original, com o irmão do poeta e o 11 de Setembro de 2001 em fundo, pode ser lido aqui).

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