domingo, 6 de janeiro de 2013

Dorin Popa

Confissão em dezembro



pedi sempre ao outro, com dureza,
que olhasse as coisas de frente,
mas eu não as olhei

todas as minhas condenações
conservaram-se durante anos à minha frente
mas eu não soube segui-las
não soube segui-las
não soube compreendê-las
não pude decifrá-las
até ao fim

nunca
soube levar nada
até ao fim

só a juventude passa,
só a alegria passa,
só a vida passa,
só ela, a minha culpa inteira, perdura

nunca
soube levar nada
até ao fim

sempre pedi com dureza ao outro
que olhasse as coisas de frente,
mas eu voltei o rosto

e agora que nada espero
a minha esperança
é mais forte do que nunca



(Versão minha a partir da tradução castelhana de Angelica Lambru reproduzida em El muro del silencio - Antología de poesía rumana contemporánea; selecção e organização da tradutora; Huerga & Fierro, 2007, pp. 150-151).

Sem comentários: