quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Liviu Antonesei

Romance


                                                              Recordação de E. A. Poe



A flor da sua carne não voltarei a ver,
não voltarei a ver, não voltarei a ver
nunca mais
e ela a minha boca não quebrantará
não quebrantará, não quebrantará,
como tantas vezes,
inteira.

Os seus seios nus sobre a minha pele não voltarão,
não voltarão, não voltarão
jamais
e o meu coração para sempre errará
para sempre errará, para sempre errará
no deserto de pedra
áspero.

Na sua gruta não penetrarei mais,
não penetrarei mais, não penetrarei
jamais
e a minha carne morta será, morta será,
morta será,
despedaçada.

A flor da sua carne não voltarei a ver,
não voltarei a ver, não voltarei a ver
recostada
e o botão de rosa não me sorrirá,
não me sorrirá, não me sorrirá
nunca mais.

Nunca mais.
Nunca mais.
Assim grasnou o corvo feroz.



(Versão minha a partir da tradução castelhana de Angelica Lambru reproduzida em El muro del silencio - Antología de poesía rumana comtemporánea; selecção e organização da tradutora; Huerga & Fierro, 2007, pp. 35-36).

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