quarta-feira, 8 de abril de 2020

Barry Gifford

O meu último soneto



Não sei se te lembras de mim,
sou o rapaz com quem dançaste
naquele piquenique comunista em Albarese
Estávamos tão apaixonados que não nos importámos nada
com a música foleira, nem com o tempo ou a roupa colada
aos nossos corpos pelo suor enquanto girávamos
Os teus irmãos, as suas mulheres e filhos
pareciam extasiados connosco, com o modo como dançávamos,
como éramos felizes -
O que aconteceu, meu amor?
Como nos despenhámos?
Sinto-me como Ícaro, sem asas
afundando-se no mar debaixo do peso terrível
do coração do seu pai



(Versão minha a partir do original e da tradução de Blanca Tortajada reproduzidos em Back in America, Renacimiento, Sevilha, edição bilingue, 2011, p. 89).

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