Um colecciona pedras.
Outro adquire selos.
Um terceiro joga xadrez pelo correio
e outro aguarda e fica noites à espreita no parque.
Um estuda russo.
Outro lê Shakespeare.
Um escreve uma carta a seguir a outra,
e outro bebe vinho à noite,
doutro modo não haveria nada a referir.
Bebem, lêem, espreitam, adquirem,
estes homens sós nas suas noites.
Escrevem, estudam, jogam, coleccionam,
cada um por si depois de um dia de trabalho.
Um frequenta a opereta.
Outro ouve Bach.
Um guarda um segredo.
Como um cão preso a uma corrente,
corre pelas avenidas abaixo, noite após noite.
(versão minha a partir da tradução do alemão para o inglês de Michael Hofmann, reproduzida em The Faber Book of 20th-Century German Poems, selecção e introdução de Michael Hofmann, Faber and Faber, London, 2005, pp. 98-99)
1 comentário:
E por vezes continuamos sós rodeados de gente.
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