As chaves da saídaAs chaves da porta secreta da única saída
e as da solução do enigma crucial
que cada esfinge recém-nascida conhece
talvez não estejam no mesmo chaveiro
que as chaves das masmorras da nossa vida,
da obscuridade e da luz da terra.
As chaves da nossa ignorância real são
de facto as chaves perdidas e as chaves que não podem
encontrar de novo os seus cadeados e as suas fechaduras.
Não diria que o mesmo artesão as fez,
parece que pisamos o caminho da dúvida
que cada chave sente junto à porta,
uma caixa de Pandora de posse inalienável:
existe uma gazua que ao mesmo tempo pode abrir
as fechaduras do bem e o cadeado do mal.
A dedicação é infinita, talvez desesperada,
uma busca no interior do bolso à procura de chaves não marcadas;
se não chamas, prepara-te para esperar
que o fechado se abra a seu tempo.
E se não o abres tu mesmo, vais chamar já depois de aberto.
Do que fica dito não deveria deduzir-se:
que se as chaves não existissem não necessitaríamos de portas
nem se poria o problema da saída.
(versão minha a partir da tradução castelhana de Maria Krstevska, reproduzida em 4 poetas macedonios, Norteysur, Benalmádena, 2006, p. 70).