quarta-feira, 30 de setembro de 2020
F. Scott Fitzgerald
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Kadyr Myrzá Alí
Dizem: os nossos antepassados, que viviam a vida
Como se caminhassem sobre as chamas,
quarta-feira, 9 de setembro de 2020
Philip K. Dick
terça-feira, 8 de setembro de 2020
Charles Dickens
sábado, 5 de setembro de 2020
Tumanbay Moldagalíev
O cordeiro órfão
Levo os cordeiros todos juntos num punhado
E canto uma cantilena do avô pastor.
Parece que todo o pasto segue a melodia,
Oh, cânticos, cânticos, quantos havia.
Mas um cordeiro órfão mostra-se mais assustadiço que os restantes,
Colares de lágrimas congelaram-se-lhe nos olhos.
Também ele segue para a aldeia
Em correria com os outros.
Não o perdia de vista, dava-me pena.
Era espevitado, destro, rápido como todos.
Balem as ovelhas e os cordeiros ao encontrarem-se,
Como se não se vissem há um ano, não há um dia.
Ali mesmo vai o meu órfão infeliz,
Dá um gemido e com o focinho golpeia os úberes das ovelhas,
Corre para diante o pobre, bale timidamente,
Olha-me e continua a corrida.
O pobre orfãozinho corre e bale:
Será que nenhuma mãe alguma vez o mimou?
E neste mesmo instante eu gostaria de converter-me na sua mãe,
Alegrá-lo, abrir-lhe os braços.
O dia chegou ao fim e todos os cães pastores dormem,
As estrelas do céu iluminam tudo.
E só o balido de um órfão
Se ouve uma e outra vez sob a lua.
Eu não posso bater as asas livremente,
Pesados pensamentos rasgam-me ao longo da noite.
E como um cordeirinho branco dispus-me a procurar uma mãe,
Se for preciso corro o mundo inteiro.
(Versão minha a partir da tradução castelhana de Guillermo de la Puerta, incluída na Antología de la Poesía Moderna en Kazajstán; Visor, Madrid, 2020, p. 45).