Uma formiga carrega com esforço
uma folha.
A folha é enorme
e multiplica o seu tamanho. Trata-se
de um dever inevitável, de uma
obediência atávica.
Atrás dela
formigas idênticas carregam folhas
idênticas. Amanhã repetirão o ritual,
a sua razão de ser que ignoro.
Em breve cumprirei cinquenta anos.
Penso na formiga.
Na sua dança cega até à morte.
(Versão minha; original reproduzido em Antología - La poesia del siglo XX en Perú; seleção de José Miguel Oviedo; Visor, Madrid, 2008, p. 678.)