Comendo poesia
A tinta escorre pelos cantos da minha boca.
Não há felicidade igual à minha.
Estive a comer poesia.
A bibliotecária não acredita no que vê.
Os seus olhos são tristes
e ela caminha com as mãos no vestido.
Os poemas desapareceram.
A luz é baça.
Os cães estão nas escadas da cave e sobem.
Os seus globos oculares reviram-se,
as suas pernas ruças ardem como lenha.
A pobre bibliotecária começa a bater os pés e a verter lágrimas.
Ela não compreende.
Quando me ajoelho e lhe lambo a mão
põe-se aos gritos.
Sou um homem novo.
Rosno-lhe e ladro.
E brinco alegremente no meio da escuridão livresca.
(versão minha; o original pode ser lido aqui).
3 comentários:
Muito bonito... invulgar poesia
Maravilhoso, maravilhoso, maravilhoso.
muito bom.
Real, teatral,tudo!!!!
bjs
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