sábado, 7 de abril de 2012

Fabián Casas

Sem chaves e às escuras



Era um desses dias em que tudo corre bem.
Tinha limpado a casa e escrito
dois ou três poemas que me agradavam.
Não pedia mais.

Então saí para o patamar para deitar o lixo fora
e, atrás de mim, com uma corrente de ar,
a porta fechou-se.
Fiquei sem chaves e às escuras
sentindo as vozes dos meus vizinhos
através das suas portas.
É passageiro, disse para mim;
no entanto também a morte poderia ser assim:
um patamar escuro,
uma porta fechada com a chave do lado de dentro,
o lixo na mão.



(Versão minha, o original pode ser lido algures por aqui).

3 comentários:

C. disse...

Que poema extraordinário. Obrigada pela tradução.

Lp disse...

Obrigado pelo comentário.

jeanne disse...

tão simples, tão belo.