Em incubadoras separadas uma das gémeas estava a morrer.
Contra as ordens do médico, uma enfermeira juntou-as.
A gémea mais forte, a que não
tinha qualquer dificuldade, atirou
o seu braço recém-nascido para cima
da que queria partir,
e estabilizou o seu ritmo cardíaco, regularizou
tudo no corpo da que já
tivera que bastasse.
A mais forte, vai julgar
que é Deus, pois pode trazer de volta
a vida para onde já partira.
Vai ser mais duro para ela
do que para a que já conheceu
a separação, a solidão, lugares
que acabarão por nos fazer desejar.
(versão minha; de Intimates, Cape Poetry, London, 2005, p. 11.)
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