terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Raymond Carver

O poema que não escrevi



Aqui está o poema que ia escrever
antes, mas não escrevi
porque te ouvi a despertar.
Estava a pensar outra vez
naquela primeira manhã em Zurique.
Como acordámos antes do amanhecer.
Desorientados por um instante. Mas indo
até à varanda que dava
para o rio e para a parte velha da cidade.
E ali estávamos simplesmente, em silêncio.
Nus. Vendo como o céu clareava.
Tão comovidos e felizes. Como se
nos tivessem colocado ali
naquele preciso momento.



(versão minha a partir do original e da tradução para espanhol de Jaime Priede, reproduzidos em Todos Nosotros, Bartleby Editores, Madrid, 4ª edição, 2007, p.106).

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