Debaixo das suas unhas a sujidade era azul escura,
Sujidade vinda dos campos e dos prados,
Azul como as linhas no globo,
Como as cordas de um violino.
No banho não se pôde lavar
Com água e sabão.
Sujidade que penetrou nos sulcos dessas mãos silenciosamente
Como um arado rasgando a terra.
Eu conheço estes dedos tépidos,
Estes dedos bons.
As unhas do meu pai estavam azuis desta sujidade
Mesmo quando ele repousava no seu caixão.
Parecia não estar verdadeiramente morto,
Mas simplesmente a dormitar antes de ir para os campos
Por onde andaria até amanhecer,
Deitando-se de costas com a cabeça entre as palmas das suas mãos.
(versão minha, a partir da tradução inglesa de Robert Elsie, reproduzida em An Elusive Eagle Soars - anthology of modern albanian poetry, organização, tradução e introdução de Robert Elsie, Forest Book/Unesco, Londres, 1993, p. 56).
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