A vida é a vida,
não as suas consequências.
Não a casa sólida
construída no topo de uma montanha,
ou as taças e as medalhas
banhadas a ouro
amontoadas nas suas prateleiras.
A vida não é isso.
A vida é a vida.
Não as viagens
até cidades longínquas
ou as crianças, homens
e mulheres nelas mal ou
esplendidamente fotografadas.
A vida não é isso.
A vida é a vida.
Não a chuva no telhado,
ou o granizo nas janelas,
ou a neve, ou a lua silenciosa,
ou a luz, tão magnífica,
dourada no Verão e prateada no Inverno.
A vida não é isso.
A vida é a vida.
Não a mulher ou o homem
que te sussurram ao ouvido,
não os nossos pais, ou filhos,
não os nossos irmãos ou irmãs ou amigos,
velhos ou novos.
A vida não é nada disso.
A vida é a vida.
(Versão minha a partir da tradução inglesa de Amaia Gabantxo reproduzida em Six basque poets, selecção e introdução de Mari Jose Olaziregi, Arc, Todmorden, p. 45.)
3 comentários:
Uma bela definição.
Gosto de textos formalmente simples como este, cuja luz e limpeza estilística nos servem uma revelação.
Gostei de passar aqui.
Belo poema do Atxaga. Só os grandes poetas sabem escrever com esta simplicidade.
Parabens pelo blog
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