terça-feira, 21 de agosto de 2012

Fernando López de Artieta

Piscina pública



Risos
        gritos
                rumor
de conversas sobre a relva
                jogadores de cartas
leitoras obstinadas
beijos
         ainda inocentes
de frescos adolescentes
bandos de garotos à beira da piscina
meninas
            flexíveis
                        como
juncos
jovens imigrantes
                          exibindo
                                        saltinhos acrobáticos
jovenzitas
mostrando a sua nudez explícita
(ninguém lhes explicou - coitadas -
que tapadas excitariam muito mais)
vaporizadores de bronzeado
que surgem
                 aqui
e ali
      como géiseres simpáticos

e o deus Sol que cruza lentamente o dia
dourando por igual
miúdos
gordas carecas
mamalhudas saloios
estrangeiros donas de casa condutores de domingo
mirones engatatões anoréticas culturistas
que
no final da tarde recolhem as suas coisas

                cansados
                                      esgotados
                                                              desfeitos
sorrindo

enquanto a sombra negra dos prédios
avança inexorável sobre a água...



(Grosso modo; La Isla de Siltolá, Sevilha, 2011, pp. 67-69).

2 comentários:

Leni disse...

finalmente...um novo poema..ontem estive na praia e vi o filme que hoje está descrito nesse poema..muito boa ideia sr. tradutor..eu reconhecço tudo..muito fixe..
Leni

Lp disse...

Obrigado (mais uma vez). E continuação de boas férias (?), Leni...