Não fui salva pela inundação
contudo mais de uma vez toquei o fundo
Não fui salva pelo incêndio
contudo ardi durante anos
Não fui salva pelas catástrofes
contudo comboios e automóveis passaram por cima de mim
Não fui salva pelos aviões
que explodiram no ar comigo a bordo
Os muros das grandes cidades
desmoronaram-se sobre mim
Não fui salva pelos cogumelos venenosos
nem pelas balas precisas dos pelotões de execução
Não fui salva pelo fim do mundo
que não teve tempo de se ocupar de mim
Nada me salvou
EU VIVO
(Versão minha a partir da tradução francesa de Georges Lisowski reproduzida em Vingt-quatre poètes polonais, Éditions du Murmure, Neuilly-lès-Dijon, 2003, pp. 128-129).
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