Aqui viveu Brecht.
Aqui está a máscara do mal
Sobre a qual fez aquele poema.
Aqui está o aquecedor que lhe deu calor.
Aqui estão os livros de Lenine intensamente anotados.
E os livros proíbidos.
Aqui está a mesa onde escrevia
E a partir da qual olhava o cemitério
Em que iria ser enterrado.
Aqui está a pintura chinesa do homem que duvida
Coroando o seu quarto de dormir.
Aqui recebia os amigos.
Aqui pensava.
Aqui discutia.
Aqui sorria.
Aqui projectava coisas melhores.
Aqui algures
Está a mensagem que me deixou
E que eu procuro e volto a procurar sem encontrar.
Ou talvez já a tenha recebido.
Aqui viveu Brecht.
(Versão minha; Juegos de Manos - Antología de la poesía hispanoamericana de mitad del siglo XX; organização de Ángel Esteban e Ana Gallego Cuiñas, Visor, Madrid, 2008, p. 709).
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