Não se deve procurar um substituto da vida na arte.
A arte não é um sucedâneo: é a vida viva.
Uma parte da vida.
Talvez a maior, a mais esplendorosa.
De qualquer modo: só uma parte.
Se o sentido da arte fosse o de nos adormecer, de nos fazer olvidar a vida, então a melhor obra de arte, a mais simples, seria uma martelada na cabeça.
Para estar viva, uma obra de arte não precisa de beleza; nem de fealdade.
Precisa de vida.
Chegar à arte pelo caminho dos estetas é contentar-se com ossos roídos. (E até que ponto roídos!)
Tu, homem, se tens dentes, morde!
(O grande não é para os desdentados.)
A única forma de falar de arte é falar com arte - criar.
Por que tem de vender o artista a sua arte?
Para poder viver.
Por que tem o público de comprá-la?
Para poder viver.
(...)
(Versão minha a partir da tradução castelhana de Francisco J. Uriz, incluída em Cinco poetas finlandeses, Libros del Innombrable, 2014, Saragoça, pp. 60-63).
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