Um homem atravessa a rua à chuva,
caminhando suavemente, olhando duas vezes para norte
e para sul:
porque o seu filho dorme no seu ombro.
Nenhum carro deve salpicá-lo.
Nenhum carro pode aproximar-se demasiado da sua sombra.
Esta homem carrega a carga mais sensível do mundo
mas não há nenhuma marca disso.
Em nenhum lugar do seu blusão se diz FRÁGIL,
TRANSPORTAR COM CUIDADO.
O seu ouvido fica cheio com a respiração.
Ele ouve o murmúrio dos sonhos de um rapaz
bem dentro de si.
Não estaremos preparados
para viver neste mundo
se não tivermos o desejo de fazer a outro
o que este homem está a fazer.
A estrada será apenas imensa.
E a chuva não cessará nunca de cair.
(versão minha; original reproduzido em Tender spot - selected poems, Bloodaxe, Northumberland, 2008, p. 64).
1 comentário:
Filhos, essa preciosa carga.
Belas escolhas, as tuas.
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