Quem me dera que esta noite
não fosses um dos Jackson Five
e apenas permanecesses
dentro de ti próprio,
intocado pelo vampiro
do luar. Tão ansioso
por representar O Outro,
terás esquecido que Drácula
foi escolhido pelo
seu cabelo negro, pela sua pele
cor-de-azeitona? Depois de
te teres tornado a tua própria capa
os títulos dos tablóides
enxertaram o teu nome
num rapazinho louro.
A tua vida íntima escorreu como sangue
pelo papel de jornal,
cruzou o teu rosto. Victor
Frankenstein sabia que é nosso dever
amarmos o que criamos. Talvez
agora a pele comece a rejuvenescer
sobre as mentiras & subtraia
tudo o que mina
nariz & ossos malares.
Tu podias dizer-nos se
é a solidão que faz
o pardal cantar.
Michael, não ligues
ao que a maquilhadora
diz, tu sabes
que o teu esperma nunca
reproduzirá esse rosto
no espelho oval.
(versão minha; original reproduzido em Real things - an anthology of popular culture in american poetry, selecção e organização de Jim Elledge e Susan Swartwout, Indiana University Press, Bloomington, 1999, pp. 150-151).
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